terça-feira, 25 de março de 2008

Já que a sugestão foi feita, lá vai.
É uma música do Fugazi. Qualquer dia falo um pouco sobre essa banda, que tem uma postura polítca muito foda. Por ora vai a letra de uma música do último disco lançado, The Argument de 2001. Está em inglês, mas acho que é tranquilo de entender (acho que traduzir literalmente fica meio tosco). De maneira geral a letra trata de desapropriação, "remoção forçada de pessoas", "o desenvolvimento quer esse bairro" e foda-se quem tiver que ir pra rua.


Cashout
on the morning of the first eviction
they carried out the wishes of the landlord and his son
furniture's out on the sidewalk next to the family
that little piggie went to market,
so they're kicking out everyone

talking about process and desmissal forced removal of the people
on the corner shelter and location
everybody wants somewhere

the elected are such willing partners
look who's buying all their tickets to the game
development wants, development gets
it's official
development wants this neighborhood
gone so the city just wants the same

talking about process and dismissal
forced removal of the people on the corner shelter and location
everybody wants somewhere
everybody wants somewhere

Segue um vídeo da banda tocando esta música ao vivo em Louisville, Kentucky, em 4 de abril de 2002


segunda-feira, 10 de março de 2008

músicas urbanas

nós amantes de cidades, também ouvimos muitas músicas que falam do tema.
assim, em breve exporei aqui minha coleção particular de letras que cantam a vida na cidade.....
as angústias, os desencontros, o cotidiano, a cidade à noite, de dia....

segunda-feira, 3 de março de 2008

Pela liberdade de respiração da epiderme

Não é novidade que o espaço do mundo coorporativo é um ambiente de estranhamento. Pura irracionalidade racionalizada. Coisa que quem acha bonita uma avenida como a Berrini ou a Faria Lima em São Paulo talvez não entenda. A "beleza" de suas fachadas envidraçadas esconde para muitos a natureza peçonhenta desses não-lugares.
Também estranho ao humano é o espaço interior desses prédios, no qual os próprios colegas agem como fiscais, e a baia individual não esconde o rosto cansado e entediado do trabalho alienado. O ar condicionado e as janelas que não abrem são um exemplo do controle do espaço. Não parece existir lacuna para o diferente. E a dominação também se estende ao vestuário.
Alguns dirão que o terno é a roupa da pessoa bem sucedida. Não discutiremos no momento esse conceito bizarro no qual sucesso se traveste de obrigação e labor. Deixemos isso de lado e vamos diretamente à análise de certos fatores: porque a calça, a camisa e o sapato são obrigatórias aos homens? Porque não a bermuda, a camiseta regata e o chinelo? Em um país tropical como o Brasil nada mais contraditório do que a Vila Olímpia às 9 horas de uma manhã de fevereiro, com suas centenas de executivos que parecem terem saído de um molde. Enquanto isso as mulheres estão liberadas (e em alguns lugares obrigadas) a fazer uso de saias, vestidos sem manga e sandálias. Vejam bem caros colegas, não quero iniciar uma guerra de gêneros. A questão é muito mais primordial e ao mesmo tempo superficial do que isso. Superficial inclusive é um termo bem apropriado.
O que difere os homens das mulheres nessas superfícies corporais que por um lado devem ser escondidas por uns e mostradas por outras? Já lhes digo: o pêlo!
A civilização pode ser resumida em um termo: controle. Controle como distanciamento da condição animal do humano. Controle das pulsões. Controle do espaço-tempo. Tudo o que é considerado "irracional" passa a ser idealizado, distanciado de toda a sua verdade e transformado em mentira, no contrário de si mesmo. É a racionalização da sociedade que torna irracional tudo o que é verdadeiramente humano. Já disse que o mundo coorporativo é uma das expressões máximas desse processo. Quando é que algo tão natural, tão gutural aliás, como o pêlo poderia ter lugar nesse não-lugar? A lembrança de que somos algo além de trabalho deve ser evitada a qualquer custo, escondida atrás de roupas ou simplesmente raspada e depilada. A barba é quase uma anomalia, e quando aparece está estilizada. O cabelo, com sua função historicamente estética não entra nesse quesito, é algo tolerado enquanto não excede um comprimento específico. É o mundo sem cheiro, sem gosto, sem sexo, sem graça.
E como é que engolimos que "a vida é assim mesmo"?
Isso não tem nada a ver com vida.