terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Apresentação

Este blog deseja tocar os corações urbanos ávidos pelo reencontro da deriva.
Este espaço é um convite a quem cultiva o particular gosto por flanar solitariamente pelas cidades invisíveis como Zenóbia, Fedora, Ercília, Cabul, Porto Alegre, Montevidéu, São Paulo, Barcelona, Belém, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Pirenópolis, Penedo, Santos, Ilhéus. Saudamos o colecionador excêntrico de souvenirs singelos como calçamentos de ruas, muros e vielas grafitadas, fragmentos descascados de escadarias, pedaços amassados de poesias de bar, postais envelhecidos e marcadores de páginas feitos com folhas de árvores caídas.
Buscamos o caminhante intrépido (ao contrario do turista de simulacros) que tem prazer em reinventar um caminho e inadvertidamente, se perde por ruas inéditas, de topografia irregular ou mais compridas, abandonando o roteiro do mapa turístico e o conselho da vizinhança local. Procuramos aquele que contempla a turba anônima numa capital qualquer em hora de rush e que na ausência de horizonte para descansar a vista pousa o olhar num ponto fixo, imóvel, hipnotizado e alheio ao bombardeio imagético das vitrines sem fim da estética globalizada. Ou aquele que compartilha daquela hora letárgica de fim de expediente refletindo sobre o sentido de um momento terrestre familiar onde a inércia de quadris e ombros cansados sem encosto ou assento buscam magistral equilíbrio na aglomeração do vagão.
São bem vindos também os loucos e suicidas como os escaladores de taludes de cidades planejadas, os moradores de arranha-céus, os corajosos atravessadores de semáforos impiedosos, os pedestres do improviso em avenidas marginais, os boêmios sem esquinas de Brasília e todos os sem-calçada e sem-ciclovias.

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